A reflexão sobre o sentido ou objetivo da vida continua estranha às principais ideologias políticas e filosofias sociais, já que estas são baseadas no liberalismo e no socialismo que não se fundamentam neste tipo de reflexão.
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O liberalismo é uma reflexão sobre os direitos naturais e a liberdade, no campo da implantação da democracia republicana e da propriedade no mercado económico. O socialismo é baseado numa teoria sobre o devir da história e no conceito de exploração económica, do que resultaria um futuro sem exploração e sem classes, logo uma sociedade igualitária. Centradas em lutas específicas de liberdade e da igualdade, a ambas escapam as grandes questões da atualidade. Sem princípios básicos amplos e sem uma visão atualizada do futuro, as ideologias têm dificuldade em decidir sobre questões estruturais que adiam ou desconhecem, optando pelo imediatismo, mediatizado e superficial, com consequências profundamente nefastas para o sistema económico, cultural e social. Esta caráter obsoleto das ideologias poderá ser ultrapassado pela sua reconstrução em novas bases mais amplas, como a reflexão sobre sentidos e objetivos primeiros da vida humana.
Já na filosofia grega estava bastante presente esta questão, do objetivo da vida, por exemplo, seria a procura do saber superior, em Platão, a procura do saber vasto, em Aristóteles, a auto suficiência e controlo das suas atitudes, com rejeição da riqueza, poder e fama, em Antistenes (Cinismo), a paz e ausência de medo, numa vida tranquila, em Epicuro, o controlo de si para evitar emoções negativas, em Zeno (Estoicismo).
A filosofia medieval e pré-liberal ficou bastante subordinada à reflexão sobre a vontade de Deus e à epistemologia, sendo que a procura de fundamentações sociais no conceito do sentido da vida ou do objetivo da vida só volta a ganhar centralidade com o utilitarismo (seria a maximização social do prazer). Depois, de forma mais específica, em Nietzsche (nega o conceito de sentido da vida e coloca a vontade de poder como valor essencial do homem), em Freud (satisfação plena da líbido, bem como recuperação dos traumas) e Heidegger (consciência da fragilidade da vida e da eminência do nada ou morte, negando-se o palrar constante sobre assuntos secundários com que a humanidade se tem contentado).
Adler, discípulo crítico, de Freud, acrescenta a procura do poder. Jung, outro discípulo, fala em arquétipos comportamentais (como o sábio) e da parte feminina do homem que devem ser vividos. A tradutora de Freud para inglês, Joan Riviere, refere a centralidade do receio da fome e da procura do afeto.
Já na filosofia grega estava bastante presente esta questão, do objetivo da vida, por exemplo, seria a procura do saber superior, em Platão, a procura do saber vasto, em Aristóteles, a auto suficiência e controlo das suas atitudes, com rejeição da riqueza, poder e fama, em Antistenes (Cinismo), a paz e ausência de medo, numa vida tranquila, em Epicuro, o controlo de si para evitar emoções negativas, em Zeno (Estoicismo).
A filosofia medieval e pré-liberal ficou bastante subordinada à reflexão sobre a vontade de Deus e à epistemologia, sendo que a procura de fundamentações sociais no conceito do sentido da vida ou do objetivo da vida só volta a ganhar centralidade com o utilitarismo (seria a maximização social do prazer). Depois, de forma mais específica, em Nietzsche (nega o conceito de sentido da vida e coloca a vontade de poder como valor essencial do homem), em Freud (satisfação plena da líbido, bem como recuperação dos traumas) e Heidegger (consciência da fragilidade da vida e da eminência do nada ou morte, negando-se o palrar constante sobre assuntos secundários com que a humanidade se tem contentado).
Adler, discípulo crítico, de Freud, acrescenta a procura do poder. Jung, outro discípulo, fala em arquétipos comportamentais (como o sábio) e da parte feminina do homem que devem ser vividos. A tradutora de Freud para inglês, Joan Riviere, refere a centralidade do receio da fome e da procura do afeto.
O existencialismo, inspirado por Kierkegaard e Heidegger e a psicanálise, continuam este tipo de reflexões. O existencialista Sartre refere que não existe uma essência da vida e é a liberdade que permite decidir a existência. Os existencialistas cristãos, Kierkegaard, Jaspers e Gabriel Marcel apelam ao sentido da transcendência.
Na conjugação entre psicanálise e existencialismo surge a terceira vaga psicanalítica, com Viktor Frankl (a procura de sentido seria o fundamental da vida e pode ser encontrada numa realização material, nos afetos e liberdade para escolher cada um escolher a sua atitude interior) e Rollo May (a auto realização das potencialidades de cada um).
Infelizmente, os movimentos políticos e culturais do situacionismo (Vaneigem, Debord) criticando a mediatização da sociedade e apelando ao papel da arte em todos os aspetos da vida) e do freudo-marxismo (Reich, Marcuse, Fromm, Althuser, Lacan, Zizek, com tónicas na crítica à repressão cultural, cultura alienante, moral da sexualidade e consumismo) falharam em trazer, para a filosofia social, as questões do objetivo da vida, não obstante se terem popularizado conceitos com o de qualidade de vida e consumismo, aliás reeditando Thornstein Veblen.
Depois de tudo isto, as versões mais recentes do socialismo, com a terceira vida de Giddens e o neo-liberalismo, apenas se concentram nas virtudes do mercado económico. A terceira via adiciona a democracia participativa, a aceitação de novas estruturas familiares já existentes, o ambiente e as sondagens, permanecendo estrangeira a reflexões, fundamentadoras, sobre o sentido e objetivo da vida.
Todavia, o moderno pensamento sobre organização, chamado “teoria da gestão”, iniciado por Peter Drucker, coloca a gestão por objetivos como uma das suas bases, tornando este pensamento transversal a toda as atividades sociais. No mesmo sentido jogam as teorias da felicidade, tornadas muito populares com os livros de autoajuda e mais recentemente com a psicologia positiva. Por último, são a etologia humana (Eibl-Eibesfeldt), psicologia social (William McDougall), sociobiologia (Desmond Morris, Edward Wilson) e a psicologia, sobremaneira a psicologia evolucionista (David Buss, Richard Dawkins, Barkow, Cosmides e Toby), que trazem, de forma clara, o conhecimento dos fins últimos (telos), a teleologia, para o centro do pensamento social.
No artigo seguinte pretende-se mostrar como se podem sintetizar as diversas perspetivas teleológicas, numa estrutura que sirva de fundamentação a uma filosofia social, amplamente abrangente dos aspetos políticos, económicos, sociais e culturais, capaz de sustentar um amplo programa de profundas reformas concretas e alterações paradigmáticas.
autor: José Nuno Lacerda Fonseca
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