quarta-feira, 20 de julho de 2011

Pela Nossa Rica Saúde - Privatização de Serviços Públicos

Disse um fantasma dos dias futuros (deveria dizer passados?) que o Estado deve delegar a prestação dos cuidados de saúde, se os não puder garantir.
Naturalmente, essa sombra difusa englobava também as organizações com fins lucrativos no bloco dos delegatários. E é quanto a essas que me assalta uma incómoda dúvida.
Por que razão o Estado poderá não garantir a prestação dos serviços de saúde necessários? Certamente, que por falta de dinheiro.
 

Por que razão uma entidade estruturada para obter lucros se irá abalançar a prestar cuidados de saúde em vez do Estado? Certamente, que para ganhar dinheiro.
Se o Estado não aproveitar essa delegação para se retirar sorrateiramente de algumas das suas obrigações no campo da saúde, há-de pagar aos delegatários aquilo que antes gastava como prestador desses serviços. Mas se os delegatários com fins lucrativos lucrarem, como necessariamente tem que acontecer, das duas uma:
 1) ou hão-de prestar piores serviços do que prestaria o Estado, para poderem amealhar como lucro o que pouparam com essa degradação;
2) ou, se mantiverem o nível de qualidade dos serviços, antes prestados directamente pelo Estado, e obtiverem lucros, o Estado terá de lhes pagar mais do que aquilo que gastaria se fosse responsável directo pela prestação de serviços.

Ou seja, se a delegação da prestação de cuidados de saúde em entidades com fins lucrativos ocorrer, sem degradação da qualidade dos serviços prestados, os cidadãos ficarão na mesma, o Estado, se não perder, também não ganhará nada com isso. Só os delegatários privados movidos pelo lucro ficarão beneficiados.

autor: Rui Namorado

2 comentários:

  1. Fábio Santos21 julho, 2011

    Bom texto e excelente ilustração.

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  2. Um belissimo texto. Partilhei no face
    Maria Antonieta Girão Fevereiro

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